Oxigênio

Laura Finocchiaro apresenta seu novo álbum: “Oxigênio”, o kit de sobrevivência da artista na pandemia

O lançamento marca o início das comemorações dos 40 anos de carreira independente da cantora e compositora

Em tempos de pandemia, em que encontros e abraços tornaram-se rarefeitos, em que tantos perderam o fôlego, e outros tantos perderam o gás, eis que encontramos as boias de salvação em balões de arte, em cilindros de afeto comprimido. Eis que sobrevivemos e enchemos os pulmões para cantar: “Oxigênio”. Este é o novo álbum da cantora, compositora, multi-instrumentista e produtora musical Laura Finocchiaro, que será lançado no dia 19 de novembro, em todas as plataformas de streaming.

Distribuído pela CD Baby, “Oxigênio” é mais um lançamento da Sorte Produções, empresa de Laura Finocchiaro, que comemora 40 anos de carreira independente em 2022. “Ser artista independente no Brasil é uma forma de resistência. Não há políticas públicas que nos contemple”, comenta Laura, que segue em suas batalhas na música e na vida, fora do mainstream, e contra o machismo e a homofobia.

O projeto começou pouco antes da pandemia, em janeiro de 2020, e seguiu com o lançamento de cinco singles – "A vagar", que saiu em março de 2020, "Asfixia" (maio/2020), "Minas Sonoras" (novembro/2020), "Hino à diversidade" (julho/2021) e "Vírus" (agosto/2021) – servindo de esquenta para a chegada de “Oxigênio”.

O álbum preparado pela artista funciona como um kit de sobrevivência em que a vacina é musical, os cilindros verdes defendem a natureza, os medicamentos chegam em potes de diversidade e igualdade, e os leitos são plenos de amor. Afinal de contas, a música é apenas um instrumento que Laura Finocchiaro utiliza para dar voz a seus anseios e lutar por seus ideais. A música é o canal pelo qual a artista bota em pauta questões fundamentais para ela, como igualdade, diversidade, defesa da natureza, justiça social e – o que une tudo – o amor.

Laura criou e gravou “Oxigênio” em seu home studio, ao longo do ano de 2020, como forma de resistir à pandemia da Covid 19. Foi um trabalho solitário, em que a artista gravou vários instrumentos – guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples –, cantou e criou texturas sonoras. E mais: Laura escreveu todos os arranjos, assina a produção e a direção musical. Só a mixagem e a masterização foram feitas por outros profissionais. Francisco Patrício foi o responsável pelas mixagens. Já a finalização do álbum foi feita este ano, em Miami (EUA), com a masterização do supercraque Carlos Freitas, da Classic Master.

O álbum traz 11 faixas e mais quatro faixas bônus. Nove canções foram compostas durante a pandemia, com diversos parceiros. As outras duas são “Chapéu” – de 1982, quando Laura musicou os versos da poeta e publicitária Leca Machado, sua parceira frequente – e “Hino à diversidade”, regravação da canção feita por encomenda, especialmente para a Parada Gay de São Paulo, nos anos 1990, em parceria com Glauco Mattoso e Roberto Firmino.

A produção pandêmica de Laura Finocchiaro foi intensa. Uma das faixas “Mulher Maria”, ela fez especialmente para sua companheira Maria Esperidião, jornalista que escreveu a letra de “Da Paz”, parceria das duas, que também está no álbum “Oxigênio”.  "Mulher Maria" foi inspirada em Maria, mas é uma canção composta para valorizar a mulher, “todas as Marias dessa vida, por isso também escolher um nome popular e bíblico como simbolismo da mulher que tem poder e garra”, ressalta Laura. Já a canção "Da Paz" fala sobre a dor de perder alguém que se ama. Uma reflexão sobre o sentido da vida e da morte. Um questionamento tão atual em tempos pandêmicos! 

Laura é uma artista de afetos. Então, nada mais natural do que compor com pessoas que fazem parte de sua vida pessoal e de sua trajetória independente na música durante quatro décadas. Só assim, entre afetos, pôde compor retratos da dura realidade pandêmica – em que doença e desgoverno causaram sofrimento em mais de 600 mil famílias brasileiras. Só mesmo de mãos dadas a companheiros de vida e luta, Laura Finocchiaro teve forças para compor canções duras como "Vírus" e “Asfixia”, em parceria, respectivamente, com os jornalistas João Luiz Vieira e Flávio Paiva. 

“...Não desapareci nas sombras da arte, do amor, de tudo que cura...” (“Asfixia”) 

Falando em amizade, um dos destaques é “A vagar”, parceria dela com o saudoso poeta Jorge Salomão, que ela acompanhou no hospital em seus últimos dias de vida e luz. Luz que ele deixou iluminando o trabalho de Laura. Esta música foi a primeira deste projeto a ser produzida. Justamente por causa do estado de saúde de Jorge Salomão. E foi para homenageá-lo que ela decidiu lançar “A vagar” como primeiro single, marcando esta nova proposta musical: “uma música visceral, construída sobre harmonias contundentes, criadas sobre camadas de texturas sonoras. Uma música inspirada no dia a dia traduzida em forma de poesia, repleta de melodias, contracantos, ritmos diversos e timbres sintéticos, numa sonoridade assumidamente eletrônica, pop e livre de qualquer rótulo ou gênero musical”, explica Laura.

Também fruto de amizade é a faixa “Minas Sonoras”, nome do coletivo que Laura formou com Ana Martins, que fez a letra da música, e Patricia Mellodi. As duas participam cantando no registro da canção.

Completam o álbum as faixas “Nonsense”, mais uma feita a quatro mãos com Leca Machado; “Amora”, que fala de injustiça social e sofrimento feminino, parceria com o baixista Hans Zeh, que também assina "Trans" – uma denúncia contra a transfobia –, com Laura e J. Caminha. Hans, aliás, toca baixo nessas duas faixas e em “Hino à diversidade”, e participa com arranjos, grooves e sintetizadores, além de produzir e mixar com Laura estas três faixas.

O álbum conta ainda com participações especiais: Ana Martins e Patricia Mellodi em “Minas Sonoras”; Bozo Barreti, arranjador das cordas em “Hino à diversidade”; João Parahyba, que gravou os grooves e samples na faixa "Vírus"; Marcelo Gallo no remix de "Amora” e Artur Rodrigues, responsável pelas flautas em "Da Paz" e "Hino à diversidade".

Depois de tanto tempo em confinamento, já vacinada com duas doses, Laura Finocchiaro sente-se finalmente com fôlego para lançar este trabalho. Afinal de contas, é hora de viver, de compartilhar, de respirar “Oxigênio”.

Faixas e ficha técnica:

1. "Vírus"

Compositores: Laura Finocchiaro e João Luiz Vieira       

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro                     

Participação especial: João  Parahyba (bateria eletrônica)                             

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Você chegou a gente
sabe eu sei
Fazendo barulho
pra nos perturbar
Deveria não ter vindo
até pensei
Entrou não teve jeito
Só fez matar
Só fez matar

Entrou não teve jeito
Só fez matar
Só fez matar

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova

Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova

Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Só fez matar

Entrou não teve jeito
Só fez matar
Só fez matar

Não sabe se comportar
É grosseiro
Não tem compaixão
É covarde

Não minha sintonia
É grileiro
Não desinforma
veneno que arde

Só fez
Entrou não teve jeito
Só fez matar

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova

Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Infame miserável
Odioso nojento

Como um virus
Penetrou em mim
Fez renascer
O meu desprezo

Você vai …. no fim
Das cordas do meu peito
Eu desejo

Esclerose, Canalha
Desumano,

Lock lock
Lockdown
Lock lock
Lockdown

Lock lock
Lockdown
Lock lock
Lockdown

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova

Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Vírus do Brasil

2. "Da Paz"

Compositores: Laura Finocchiaro e Maria Esperidião

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro
Participação especial: Artur Rodrigues (flauta)

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Quem mandou levar minha Paz
Que mandou provocar a dor

Quem mandou machucar o amor
Quem mandou espalhar rancor

Quem mandou seguir sem pudor
Que mandou eu calar a minha voz

Quem mandou fechar em acolher
Quem mandou digitar sem ler

Quem mandou me matar
Fingindo ser amor

Quem mandou me matar
Fingindo ser amor

                         

3. "Asfixia"

Compositores: Laura Finocchiaro e Flavio Paiva                                          

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro 

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

O ar acabou pra mim em Wuhan
Acabou em Nova Iorque
Já não respiro nas ruas de São Paulo
Falta o ar no cruzamento das fronteiras
Desse tempo calculado em adeus

Sei que você me chama de algum lugar
Mas não consigo entender nada
Em casa, com medo de  sonhar
(de sonhar)

Lembro do dia em que provei
A dor do seu silêncio final
(a dor / do seu silêncio final)

Falta tu, falta eu
Quem somos nós
Nessa solidão

Falta eu, falta tu
Quem somos nós
Nessa escuridão

E morto, de olhos arregalados
Não vejo nada, não saio de mim
Mas recuso a rejeição
Da máscara apertada
Que estilhaça o seu nariz
Não desapareci nas sombras
Da arte, do amor, de tudo que cura
Sei que ainda posso escapar
Do meu generoso egoísmo
E me reconhecer na sua respiração

4. "Hino à diversidade"

Compositores: Laura Finocchiaro, G. Mattoso, R.Firmino 

Arranjo, voz, vocal, guitarras, edições musicais: Laura Finocchiaro

Participações especiais: Bozo Barreti (cordas) e Hans Zeh (arranjo, baixo, grooves e sintetizadores)                      

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Abrace a diferença!
Viver é diferente!

Se a gente diz que é gente [réplica:] Eu sou é quem eu sou!
Não tem o que nos vença! [variante:] Não há o que nos vença!

A diferença é viva! Viva a diferença!

Qual é o plural de "ão"?
É "ãos"! É "ães"! É "ões"!
Plural de cidadão?
São muitas multidões!

Qual é o plural de "ona"?
É dona! É mona! É zona!
Plural de cidadã?
Colega! Amiga! Irmã!

Qual é o maior plural?

É a singularidade!
[variante:]
É a diversidade!
A diferença é qual?
Unidos na igualdade! [variante:] Orgulho, liberdade!

Abrace a diferença!
Viver é diferente!
Se a gente diz que é gente
 [réplica:]
Eu sou é quem eu sou!
Não tem o que nos vença! [variante:] Não há o que nos vença!

A diferença é viva!
Viva a diferença!

5. "Trans"

Compositores:
Música: Laura Finocchiaro e Hans Zeh
Letra: Laura Finocchiaro e J. Caminha

Arranjo, voz, vocal, guitarras, edições musicais: Laura Finocchiaro

Participação especial: Hans Zeh (arranjo, baixo, grooves e sintetizadores) 

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Sonhava ser médica, ser respeitada
Mas foi espancada por um irracional
Perdeu sua vida, seu nome social
Quem pode dizer o que é natural?

Uma diva, doutora Lorena
Nua no espelho, se vê mulher
Sobe no salto, loura, morena
Tem o poder de ser o que quiser

Divina Núbia, Claudia Wonder, Silvetti,
Dimmy, Sereia, Simmy, Paulete
Astro Rei, calor, necessidade
Luxo, beleza, cumplicidade
Suzy, Valéria, Natacha, Roberta,
Viviany, Tchaka, Salette
Santa Dandara rogai por nóix
Vossa alteza, te dou minha voz

Que agonia LGbTfobia
Que ceifa a vida, a alegria
Transfobia, crueldade
Mundo repleto de perversidade

Pelas esquinas, nos pontos de passagem,
Nos viadutos, nas engrenagens
Ao transitar, desfilar na cidade
Pedras e paus, desumanidade

Divina Núbia, Claudia Wonder, Silvetti,
Dimmy, Sereia, Simmy, Paulete
Astro Rei, calor, necessidade
Luxo, beleza, cumplicidade
Suzy, Valéria, Natacha, Roberta,
Viviany, Tchaka, Salette
Santa Dandara rogai por nóix
Vossa alteza, te dou minha voz

6. "Chapéu"

Compositores: Laura Finocchiaro e Leca Machado 

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Parara Pá Pá Parara Pá Pá
Parara Pá Pá Parara Pá Pá

Só uso meu chapéu porque nenhum outro me serve
Ninguém me segue porque eu não tenho direção
E voo alto e sei dar saltos mortais
E não calo a boca, não, pra nenhum dos tais
E sou de paz, capaz até de dar meu coração
Mas não entrego o ouro pros bandidos
Sou pedido, por isso nunca olho para trás
Como eu ia dizendo, rapaz (guri)
Só uso o meu chapéu porque nenhum outro me serve

 Parara Pá Pá Parara Pá Pá
Parara Pá Pá Parara Pá Pá

7. "Amora"

Compositores: Laura Finocchiaro e Hans Zeh

Arranjo, voz, vocal, guitarras, edições musicais: Laura Finocchiaro                           

Participação especial: Hans Zeh (arranjo, baixo, grooves e sintetizadores)  

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Mulher, que raio que  te pariu?
Por que a sorte não te perseguiu?
Foi nascer pobre e sem sobrenome,
No Nordeste desse Brasil...

Com 7 irmãos dividia 1 pão todo dia
Enquanto a mãe pra lavar roupa saía
De bar em bar o pai de porre jogava, bebia
Quando em casa, em todos filhos batia

Amora, amor há?
Explosão, estilhaços no chão
Amora, amor não há!
Refugiados, injustiça sem fim
Amora, amor há?
Guerra de sexo, tudo é não, nada é sim
Amora, amor não há!
Sem dinheiro, estão vendendo meu rim

Mesmo na dor nenhum esforço mediu
Pra estudar trabalhou, progrediu

Pra se formar, seu sonho perseguiu
Se empoderou e de casa partiu
Até que enfim conheceu a paixão
Em meio ao caos entregou seu coração
Um homem branco levou a sua mão
Depois do lance, humilhou, pisoteou

Amora, amor há?
Explosão, estilhaços no chão
Amora, amor não há!
Refugiados, injustiça sem fim
Amora, amor há?
Guerra de sexo, tudo é não, nada é sim
Amora, amor não há!
Sem dinheiro, estão vendendo meu rim

8. "Minas Sonoras"

Compositoras: Aninha Martins e Laura Finocchiaro

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro  

Participações especiais: Ana Martins e Patricia Mellodi (vocais)

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Tivemos que lutar
Que arregaçar nossas mangas
Tivemos que nos unir
Pra não chorar as pitangas

Tivemos que espernear
Que mostrar os nossos dentes
Tivemos que nos unir
Para salvar muita gente

Juntas somos mais fortes
Juntas ninguém nos segura
Juntas somos sonoras
Sem perder a ternura

Louras, morenas, grisalhas
Nos palcos, nas praças, na rua
Juntas somos sonoras
Sem perder a doçura
a doçura... a doçura
a doçura ... a...a...Minas Sonoras

Noite e dia no batente
Para que o mundo evolua
Juntas somos sonoras
Juntas fazemos cultura

Nossa luta é diária
Nossa briga é eterna
E apesar de tanto tempo
Ela ainda  é moderna

Se quiser lutar comigo
Chega e escuta nossa ideia
Venha ser Mina Sonora
A luta é minha, é sua e é dela

Se quiser lutar comigo
Chega e escuta nossa ideia
Venha ser Mina Sonora
A luta é minha, é sua e é dela

... é dela...  e é minha,

e é sua... e é dela...

a luta... Minas Sonoras...

9. "Mulher Maria"
Compositora: Laura Finocchiaro  

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Mulher relâmpago, mulher vulcânica
Mulher das línguas, mulher de palavra
Das redes sociais, da comunicação

Da resistência. da democracia
Mulher do frevo, da alegria
Do equilíbrio e Da Paz 

Ensolarada

Mulher Maria, realça o dia
Mulher que move, faz da vida, poesia
Branca ou negra, drag ou queen
Mulher é trans, tupiniquim

Mulher que é mãe, que amamenta
Espalha a fé, que alimenta
Costura a linha que acalenta
Mulher rendeira, Maria é a mulher!

Mulher presente, humanidade
Beleza rara, simplicidade
Feminina mansidão, solidariedade

Mulher que segura, que orienta
Mulher colossal, além do bem e do mal
Estrela brilhante,

Iluminada

10. "Nonsense"

Compositoras: Laura Finocchiaro e Leca Machado

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro                      

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

11. "A vagar" (Laura Finocchiaro e Jorge Salomão)  

Arranjo, voz, vocal, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples, edições musicais: Laura Finocchiaro                           

Faixa produzida por Laura Finocchiaro, mixada por Francisco Patrício e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Do outro lado do espelho
É tarde até que arde
O relógio do coelho
para na hora do chá

No país das maravilhas
O tempo é agora
O desaniversário
Não tem hora pra acabar

O Chapeleiro comemora
O mundo desmorona
Viaja num chapéu
A rainha que detona

Alice corre na contramão
O gato fala e diz sim
O tempo escorre pelas mãos
Na hora da compaixão

Tem a hora da chegada
de meter a cara
Tem a hora da quebrada
 de acertar os ponteiros

Tem  a hora da ira
de esticar a corda
Tem a hora de orar
Pros que foram embora

Vale Vida | Vale dinheiro
Ora bolas | Oração
Vale gente | Brasileiros
Ora essa | Hora de ação

Vale Vida | Um país inteiro
Ora bolas | Oração
Vale gente | Brasileiro
Ora essa | Contaminação

Contaminação…

Bonus tracks

12. "Amora" (P.Y.N.  Remix) (Laura Finocchiaro e Hans Zeh)

Faixa produzida e mixada por Marcelo Gallo e Masterizada por Carlos Freitas

13. "Amora" (Noizeh Retrô Mix) (Laura Finocchiaro e Hans Zeh)

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh, e masterizada por Carlos Freitas

14. "Hino à diversidade" (Noizeh Remix) (L.Finocchiaro, G.Mattoso, R.Firmino)

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh e masterizada por Carlos Freitas

15. "Trans" - Instrumental (Laura Finocchiaro, Hans Zeh e J. Caminha)

Faixa produzida e mixada por Hans Zeh e Laura Finocchiaro, e masterizada por Carlos Freitas

Direção artística e musical: Laura Finocchiaro

Todos os direitos reservados – Sorte Produções

Letras

"Vírus" (Laura Finocchiaro e João Luiz Vieira)

Você chegou, a gente sabe, eu sei
Fazendo barulho, pra nos perturbar
Deveria nem ter vindo, até pensei
Entrou, não teve jeito, só fez matar

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova
Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Não sabe se comportar, é grosseiro
Não tem compaixão, é covarde
Não cria sintonia, é grileiro
Não desinflama, veneno que arde

Quero lhe mandar pra lá
Quero que você se mova
Quero lhe mandar calar
Quero que você se exploda

Como vírus, penetrou em mim
Minha vacina é meu desprezo
Você vai se implodir antes do fim
Das cordas do meu peito, o meu desejo

Asqueroso | Canalha | Desumano

|Locky locky locky lockydown
Locky locky locky lockydown

Escroto |  indigno | indecoroso

Quero te mandar pra lá - Patife
Quero que você se mova – Sem Vergonha
Vil
Quero que você se exploda – Vírus do Brasil

"Da Paz"
(Laura Finocchiaro e Maria Cleidejane)
(Para da Paz / 2018)

Quem mandou levar minha Paz?
Quem mandou provocar a dor
Quem mandou machucar o amor?
Quem mandou espalhar rancor?
Quem mandou ferir sem pudor?
Quem mandou eu calar a minha voz?
Quem mandou fechar sem acolher?
Quem mandou digitar sem ler?
Quem mandou me matar, fingindo ser amor?
Quem mandou me matar, fingindo ser amor?

"Asfixia" (Flávio Paiva + Laura Finocchiaro)

O ar acabou pra mim em Wuham
Acabou em Nova Iorque
Já não respiro nas ruas de São Paulo
Falta o ar no cruzamento das fronteiras
Desse tempo calculado em adeus

Sei que você me chama de algum lugar
Mas não consigo entender nada
Em casa, com medo de  sonhar
(de sonhar)

Lembro do dia em que provei
A dor do seu silêncio final
(a dor / do seu silêncio final)

Falta tu, falta eu
Quem somos nós
Nessa solidão

Falta eu, falta tu
Quem somos nós
Nessa escuridão

E morto, de olhos arregalados
Não vejo nada, não saio de mim
Mas recuso a rejeição
Da máscara apertada
Que estilhaça o seu nariz
Não desapareci nas sombras
Da arte, do amor, de tudo que cura
Sei que ainda posso escapar
Do meu generoso egoísmo
E me reconhecer na sua respiração

"Hino à diversidade" (Glauco Mattoso, Laura Finocchiaro, Roberto Firmino)

Abrace a diferença. Viver é diferente
Se a gente diz que é gente, não tem o que nos vença
A diferença é viva!
Viva a diferença! Viva a diferença!

Qual é o plural de “ão”?  É  “ãos”, é “ães” ́é “ões”!
Plural de cidadão?  São muitas multidões!
Qual é o plural de “ona”?  É “mona”, é “dona”, é “zona”!
Plural de cidadã? Colega, amiga, irmã!

Abrace a diferença. Viver é diferente
Se a gente diz que é gente, não tem o que nos vença
Qual é o maior plural?  É a diversidade!
A diferença é qual?  Unidos na igual dade!

Abrace a diferença. Viver é diferente
Se a gente diz que é gente, não tem o que nos vença
A diferença é viva!
Viva a diferença! Viva a diferença!

"Trans"
Música: Laura Finocchiaro e Hans Zeh
Letra: Laura Finocchiaro e J. Caminha

Sonhava ser médica, ser respeitada
Mas foi espancada por um irracional
Perdeu sua vida, seu nome social
Quem pode dizer o que é natural?

Uma diva, doutora Lorena
Nua no espelho, se vê mulher
Sobe no salto, loura, morena
Tem o poder de ser o que quiser

Divina Núbia, Claudia Wonder, Silvetti,
Dimmy, Sereia, Simmy, Paulete
Astro Rei, calor, necessidade
Luxo, beleza, cumplicidade
Suzy, Valéria, Natacha, Roberta,
Viviany, Tchaka, Salette
Santa Dandara rogai por nóix
Vossa alteza, te dou minha voz

Que agonia LGbTfobia
Que ceifa a vida, a alegria
Transfobia, crueldade
Mundo repleto de perversidade

Pelas esquinas, nos pontos de passagem,
Nos viadutos, nas engrenagens
Ao transitar, desfilar na cidade
Pedras e paus, desumanidade

Divina Núbia, Claudia Wonder, Silvetti,
Dimmy, Sereia, Simmy, Paulete
Astro Rei, calor, necessidade
Luxo, beleza, cumplicidade
Suzy, Valéria, Natacha, Roberta,
Viviany, Tchaka, Salette
Santa Dandara rogai por nóix
Vossa alteza, te dou minha voz

"Chapéu" (Laura Finocchiaro e Leca Machado)

Pararapápá Pararapápá Pararapápá Pararapápá

Só Uso meu chapéu porque nenhum outro me serve
Ninguém me segue porque eu não tenho direção
E voo alto e sei dar saltos mortais
E não calo a boca, não, pra nenhum dos tais
E sou de paz, capaz até de dar meu coração,
Mas não entrego o ouro pros bandidos
Sou pedido, por isso nunca olho para trás
Como eu ia dizendo, rapaz (guri)
Só uso o meu chapéu porque nenhum outro me serve

Pararapápá Pararapápá Pararapápá Pararapápá

“Amora”
Letra: Laura Finocchiaro
Música: Laura Finocchiaro e Hans Zeh

Mulher, que raio que  te pariu?
Por que a sorte não te perseguiu?
Foi nascer pobre e sem sobrenome,
No Nordeste desse Brasil...

Com 7 irmãos dividia 1 pão todo dia
Enquanto a mãe pra lavar roupa saía
De bar em bar o pai de porre jogava, bebia
Quando em casa, em todos filhos batia

Amora, amor há?
Explosão, estilhaços no chão
Amora, amor não há!
Refugiados, injustiça sem fim
Amora, amor há?
Guerra de sexo, tudo é não, nada é sim
Amora, amor não há!
Sem dinheiro, estão vendendo meu rim

Mesmo na dor nenhum esforço mediu
Pra estudar trabalhou, progrediu

Pra se formar, seu sonho perseguiu
Se empoderou e de casa partiu
Até que enfim conheceu a paixão
Em meio ao caos entregou seu coração
Um homem branco levou a sua mão
Depois do lance, humilhou, pisoteou 

Amora, amor há?
Explosão, estilhaços no chão
Amora, amor não há!
Refugiados, injustiça sem fim
Amora, amor há?
Guerra de sexo, tudo é não, nada é sim
Amora, amor não há!
Sem dinheiro, estão vendendo meu rim

Minas Sonoras
(Aninha Martins e Laura Finocchiaro)

Tivemos que lutar
Que arregaçar nossas mangas
Tivemos que nos unir
Pra não chorar as pitangas

Tivemos que espernear
Que mostrar os nossos dentes
Tivemos que nos unir
Para salvar muita gente

Juntas somos mais fortes
Juntas ninguém nos segura
Juntas somos sonoras
Sem perder a ternura

Louras, morenas, grisalhas
Nos palcos, nas praças, na rua
Juntas somos sonoras
Sem perder a doçura
a doçura... a doçura
a doçura ... a...a...Minas Sonoras

Noite e dia no batente
Para que o mundo evolua
Juntas somos sonoras
Juntas fazemos cultura

Nossa luta é diária
Nossa briga é eterna
E apesar de tanto tempo
Ela ainda  é moderna

Se quiser lutar comigo
Chega e escuta nossa ideia
Venha ser Mina Sonora
A luta é minha, é sua e é dela

Se quiser lutar comigo
Chega e escuta nossa ideia
Venha ser Mina Sonora
A luta é minha, é sua e é dela

... é dela...  e é minha,

e é sua... e é dela... 

a luta... Minas Sonoras...

Mulher Maria (Laura Finocchiaro)

Mulher relâmpago, mulher vulcânica
mulher das línguas, mulher de palavra
das redes sociais, da comunicação

da resistência. da democracia
mulher do frevo, da alegria
do equilíbrio e Da Paz  

ensolarada

Mulher Maria, realça o dia
Mulher que move, faz da vida, poesia
Branca ou negra, drag ou queen
mulher é trans, tupiniquim

Mulher que é mãe, que amamenta
espalha a fé, que alimenta
costura a linha que acalenta
mulher rendeira, Maria é a mulher!

Mulher presente, humanidade
beleza rara, simplicidade
feminina mansidão, solidariedade 

Mulher que segura, que orienta
mulher colossal, além do bem e do mal
estrela brilhante,

iluminada

Nonsense (Laura Finocchiaro e Leca Machado)

Do outro lado do espelho
É tarde até que arde
O relógio do coelho
para na hora do chá

No país das maravilhas
O tempo é agora
O desaniversário
Não tem hora pra acabar

O Chapeleiro comemora
O mundo desmorona
Viaja num chapéu
A rainha que detona

Alice corre na contramão
O gato fala e diz sim
O tempo escorre pelas mãos
Na hora da compaixão 

Tem a hora da chegada
de meter a cara
Tem a hora da quebrada
 de acertar os ponteiros

Tem  a hora da ira
de esticar a corda
Tem a hora de orar
Pros que foram embora

Vale Vida | Vale dinheiro
Ora bolas | Oração
Vale gente | Brasileiros
Ora essa | Hora de ação

Vale Vida | Um país inteiro
Ora bolas | Oração
Vale gente | Brasileiro
Ora essa | Contaminação

Contaminação…

A Vagar (poesia de Jorge Salomão musicada por Laura Finocchiaro)

Você sabe que eu sei
Olhe nos meus olhos
Eu sou assim… Jogue meu jogo…
Assim… Jogue meu jogo…

Eu sou seu som
Vibrações existem
Cacos de vidro… Pelo chão…
Cacos de vidro… Pelo chão

Carros passam… Passam…

Não se pode perder a esperança
A solidão das grandes cidades
Imensa floresta de edifícios
Uns antenados outros não…

Manhã, tarde, noite… Eu a vagar…
Manhã, tarde, noite… Eu a vagar…

Varias direções, numa vaga fisionomia…
Fisionomia… Fisionomia

Não se pode perder a esperança
A solidão das grandes cidades
Uns brincam tanto, outros nada
Onde os pássaros se abrigam quando chove?

Um cigarro com batom… Batom…
Carros passam… Passam…

Manhã, tarde, noite… Eu a vagar…
Manhã, tarde, noite… Eu a vagar…

Agradecimentos

Oxigênio foi concebido, gravado e mixado durante a pandemia, em plena quarentena e é dedicado às vítimas do Coronavírus. 

Gratidão eterna ao amor inspirador de Maria e a todes que colaboraram na realização deste projeto,

em especial:

Carlos Freitas, Francisco Patricio, Hans Zeh, Bozo Barreti, João Parahyba, Artur Rodrigues, Ana Martins, Patricia Mellodi, Sheila Gomes, Carla Paes Leme, Augusto Brito, Valder Valeirão, Marian Starosta, Teo Ponciano, Emerson M., Andrea Francez, Leca Machado, Flavio Paiva, João Luiz Vieira e Maria Cleidejane Esperidião.

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