Release “Oxigênio”

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Fotos de divulgação - Marion Starosa

Texto de Ricardo Pereira (jornalista) sobre Oxigênio:

Não sou crítico musical. Sou jornalista e gosto de música... principalmente de rock. E foi através do rock que ouvi pela primeira vez a rebeldia de Laura Finocchiaro. O cenário era o Maracanã. Palco do Rock in Rio 2. O mundo se espantava com a Guerra do Golfo mostrada ao vivo pela rede CNN. Mas outros torpedos recheados de paz e amor eram disparados das guitarras distorcidas que encantavam milhares de pessoas durante nove dias. E um dos shows de abertura era daquela menina que eu descobrira gaúcha, por ter feito um perfil para a programação da TV Globo mas que no palco era símbolo daquele rock paulista, agressivo, provocante e diferente ! Ôrra Meu !

Trinta anos depois, eu me reencontro com a obra de Laura. Agora trazendo Oxigênio para esses dias de ares tão irrespiráveis... Ela não vacilou. Partiu pra cima da pandemia com a melhor vacina que poderia ter: a sua música. O novo álbum nos leva à várias viagens no meio de tudo isso que estamos vivendo. Há movimentos musicais de todas as matrizes que um não-especialista como eu não saberia identificar. Mas é possível se deixar envolver pelas misturas de rock, eletrônico, funk e dance. Será que defini bem ? Ouçam !!!!

A primeira canção é um rock-desabafo contra o “Vírus”. E denuncia que há outros vírus que se alimentaram dessa tragédia para crescer e nos ameaçar: “Não sabe se comportar, é grosseiro. Não tem compaixão, é covarde...” Precisa ser mais clara ? Tens razão, guria, não são poucos os vírus mas o que queremos com a sua música é que esses vírus se explodam...

“Quem somos nós nessa escuridão”, pergunta ela em “Asfixia”.... com certeza foi um tempo de redescobrimento diante do impasse de não sair de casa para evitar a contaminação. Cada um de nós, que teve a chance de parar, encontrou um novo desafio. Eu voei baixo. Comecei a cozinhar... Laura se arriscou em voos mais ousados e teve a coragem de produzir um disco em casa, sozinha com seus instrumentos, suas inspirações, seus medos e o seu talento. É uma grande exposição de si mesma. Mas é, ao mesmo tempo, um documento de uma época que todos nós nos identificamos. São tempos de saudade ( “Quem mandou levar a minha paz ?”), revolta, resistência e amor...

E é do amor que Laura tira a linda canção para a sua companheira Maria Esperidião – “Mulher Maria”. Em alguns versos, a definição simples porém verdadeira do que ilumina o sentimento : “Mulher Maria realça o dia”. E da cumplicidade do casal : “Mulher que segura, que orienta.”  

As lutas identitárias, sempre presentes na voz rasgada e curtida de Laura, reafirmam as suas convicções e desafiam os padrões estabelecidos. Em um momento emocionante do álbum, ela nos conta a história da luta de “Amora”, uma retirante nordestina. “Estilhaços no chão” de um Brasil de décadas atrás, que se mantem, infelizmente, vivo e atual na nossa história.

Mas há momentos para deixar o corpo dançar sem compromisso ("Chapéu") e também com alguma rebeldia ( “Minas Sonoras” ) , onde Laura e suas amigas Ana e Patrícia são  compositoras e cantoras fortes mas sem perder ( nunca!) a doçura. A mensagem é simples e direta : a luta de todas é pela arte.

Mas , meninas, não é só de vocês ! É nossa também ! E “Oxigênio” de Laura Finocchiaro chega para desintoxicar o ambiente e realimentar essa esperança !

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2021

Ricardo Pereira